quarta-feira, 5 de novembro de 2008

"...para onde teriam ido os patos?"




O Livro comessa assim:
"Se querem mesmo ouvir o que aconteceu, a primeira coisa que vão querer saber é onde eu nasci, como passei a porcaria da minha infância, o que meus pais faziam antes que eu nascesse, e toda essa lengalenga tipo David Copperfield, mas, para dizer a verdade, não estou com vontade de falar sobre isso."
E termina assim:
"Tenho pena de ter contado o negócio a tanta gente. Só sei mesmo é que sinto uma espécie de saudade de todo mundo que entra na estória. Até do safado do Stradlater e do Ackley, por exemplo. Acho que sinto falta até do filho da mãe do Maurice. É engraçado. A gente nunca devia contar nada a ninguém. Mal acaba de contar, a gente começa a sentir saudade de todo mundo."

Ah, me perdoe, contei o final da história?

Por incrível que pareça, mesmo se eu contasse tudo o que acontece no livro aqui no meu blog, qualquer um que o lesse, iria se surpreender.
Mas, o que esse livro tem de tão importante? O que ele tem de tão interessante?
Quel é a história dele?
Bom, a história é bem simples: Holden Caulfield foi expulso de um internato só para garotos por não conseguir passar de ano. Na verdade, ele não passou em quase todas as matérias.
Com isso, ele teria que voltar para sua casa, em Nova York. Porém, Holden não quer contar aos seus pais sobre a expulsão antes do tempo, pois disse que chegaria de férias segunda feira, e ainda era sexta feira quando saiu da escola. Logo, ele teria um fim de semana inteiro para adiar sua ida para casa.
Com isso, o leitor se aventura nos pensamentos de um jovem levemente anarquista, temperamental, que odeia o cinema, "PORRISTAS" (me escangalho de rir, toda vez que ele diz essa palavra) e que acha tudo um saco.
O leitor se emociona com o amor incondicional de Holden por sua irmã menor, Phoebe e pela admiração por seu irmão mais velho, o D.B. (cujo nome nunca é citado no livro) e uma paixão por seu falecido irmão menor, Allie.
Holden Colfield, nome impossivel de esquecer depois que lê-se o livro, tem um liguajar peculiar, sempre repetindo as palavras "no duro", "pra burro", "fora de brincadeira". ou a mais clássica de todas, "ou coisa que o valha". Essa é a melhor de todas, sempre que ele diz algo como "Aí me apresentou ao cara da Marinha, um tal de Comandante Blop ou coisa que o valha."
É impossível não rir quando Holden chama alguém de Príncipe só para irirtar o sujeito.

Curiosidadades:
Mark David Chapman, o assassino de John Lennon, carregava um exemplar do livro com ele. E também dizia que foi inspirado pelo livro a matar o Beatle.
Ele vivia chamando a si mesmo de Holden Caulfield, dizendo que a sua jornada para matar John Lennon era parecida com a de Holden, já que quando Holden chegou em Nova York, era sexta feira e o livro termina na segunda e ele, Mark, chegou sexta-feira em Nova York e matou Lennon na segunda.

No filme "Teoria da Conspiração" com Mel Gibson e Julia Roberts, o personagem de Mel Gibson, que é um tipo de assassino psicótico criado pelo governo americano para fazer seus serviços sujos, tem aficção por esse livro. Tendo muitos exemplarem em sua casa e tendo que comprar um exemplar toda vez que vê uma em uma livraria.

Frases de Holden Caulfield:

"Sou o maior mentiroso do mundo. É bárbaro. Se vou até a esquina comprar uma revista e alguém me pergunta onde é que estou indo, sou capaz de dizer que vou a uma ópera. É terrível."

"Aí pensei na cambada toda me metendo numa droga de cemitério, com meu nome num túmulo e tudo. Cercado de gente morta. Puxa, depois que a gente morre, eles fazem o diabo com a gente. Tomara que quando eu morrer de verdade alguém tenha a feliz idéia de me atirar num rio ou coisa parecida. Tudo, menos me enfiar numa porcaria dum cemitério. Gente vindo todo domingo botar um ramo de flores em cima da barriga do infeliz, e toda essa baboseira. Quem é que quer flores depois de morto? Ninguém."

"Apesar disso, às vezes me comporto como se tivesse doze anos. É o que todo mundo diz, principalmente meu pai. Até certo ponto é verdade, mas não é totalmente verdade. As pessoas estão sempre pensando que alguma coisa é totalmente verdadeira. Eu nem ligo, mas tem horas que fico chateado quando alguém vem dizer para me comportar como um rapaz da minha idade. Outras vezes, me comporto como se fosse bem mais velho - no duro - mas aí ninguém repara. Ninguém nunca repara em coisa nenhuma"

"Eu estava cercado de imbecis. Fora de brincadeira. Na outra mesinha, bem do meu lado esquerdo, praticamente em cima de mim, tinha um casal com umas caras feiosas pra burro."

O autor:

Jerome David Salinger é um escritor norte-americano, nascido a1 de Janeiro de 1919, em Manhatan, Nova York, filho de pai judeu de origem polaca e mãe de origem escocesa-irlandesa.

Sua obra mais conhecida é o romance "The Catcher in the Rye" (O Apanhador no Campo de Centeio) obra publicada em 1951 nos EUA.

Outros de seus trabalhos são "Nove Estórias", "Franny & Zooey", "Carpinteiros, Levantem Bem Alto a Cumeeira" e "Seymour: Uma Apresentação". No livro "O Apanhador no Campo de Centeio", o personagem principal é Holden Caulfield, conhecido pelos fãs do autor, mas em "Franny & Zooey", "Carpinteiros..." e "Seymour: Uma Apresentação", os personagens são os mesmos: a família Glass, constituída por Buddy, Seymour, Boo Boo, Franny e Zooey Glass, todos irmãos.

Um dos temas fortes dos trabalhos de Salinger é a crise de identidade típica da adolescência. Salinger é também conhecido pela sua reclusão. Desde 1980 que não dá entrevistas e desde 1965 que não publica um trabalho novo.


Como podem ver, Salinger escreveu O Apanhador... nos anos 50, e ainda assim, consegue ser um espelho da juventude atual. Fora que o mesmo foi um marco na literatura americana, marcando o inicio da "voz" dos jovens em uma época em que adolescencia era apenas uma faser de transição da criança para o jovem. Fora que, mesmo depois de tanto tempo, continua sendo um dos mais lidos na américa.

Holden nos faz perguntas que a primeira vista se passam como inuteis, mas que na verdade, com um olhar mais profundo, nos fazem pensar a respeito da vida e da morte.

"...para onde teriam ido os patos?" - Eis a qustão!

Para onde iriam os patos do Central Park no inverno, quando o lago concela?

O que acontece com a gente quando perdemos o que há de mais importante para a gente? Para onde vamos quando isso acontece? Uma pergunta simples, aparentemente ridicula e sem importância, já que ninguem que esteja morrendo de frio no inverno vai se importar sobre o lugar onde os patos do Central Park estarão.

A narrativa na voz de Holden é interessante pois, nos mostra um tipo de anti heroi, um sujeito com personalidade forte, pensamento próprio, fraco e de certa forma medroso.

Porém, há certos momentos em que sua coragem aflora e ele, temendo que ela passe logo, torna a querer fugir com sua "namoradinha" para o interior com menos bagagem possivel. Coragem essa que em poucos minutos se desfaz com muita facilidade.

O nome do livro, "Apanhador no Campo de Centeio" se refere basicamente a um poema de Robert Burns, que Holden acredita ser uma cantiga, que diz "...Se alguém agarra alguém atravessando o campo de centeio..." e que na verdade é "...Se alguém encontra alguém atravessando o campo de centeio...".

Holden explica para sua irmã que ele gostaria de ser "O Apanhador no Campo de Centeio", pois ele imaginaria um monte de criancinhas a beira de um penhasco, correndo e brincando e sem nenhum adulto para tomar conta. Ele, Holden, seria o apanhador, ou, o responsavel por impedir que as crianças caissem do penhasco, apanhando-as antes de cair.

O livro é um dos que eu mais gosto de ler, pois eu o leio pelomenos uma vez a cada seis meses. Sua literatura é interessante, mesmo muita gente discordando da versão em PT-BR. Aconcelho a todos que queiram ter uma nova visão do mundo e das pessoas ao redor. Ou seja, aconcelhado a você que vos lê.

E a pergunta continua... "...Para onde teriam ido os patos?"

Um comentário:

desencantada disse...

se eu não dormir hoje a noite... vai ser porque tô imaginando o livro... rsss

ainda bem q amanhã nem vou pra escola mesmo!